Primeira Semana Artística de Verão Inato

O primeiro dia foi dedicado a aperaltar-nos. Fingimos ser aias da rainha a viver no palácio e para isso tínhamos que estar vestidas a rigor. Explorando a área da Moda, lançámo-nos à costura dos nossos vestidos e à elaboração das nossas perucas em crochet.

Foi tão divertido! E as nossas miúdas ficaram mesmo giras, não acham? Umas verdadeiras princesas.

Primeiro cortámos as t-shirts que serviram de base para os nossos vestidos de aias. A costura foi feita sem agulha, apenas com as mãos, passando trapilho por casas que fizemos na t-shirt. Estes vestidos feitos pelas nossas artistas não foram feitos só para estarem bonitas! Para além de servir para os figurinos do teatro que fizemos no último dia, também foram usados como batas para que não sujassem a roupa de casa com as suas pinturas.

A segunda parte do projeto deste dia foi fazer canudos de cabelo branco, como as perucas ao estilo do século XVIII, em crochet.
Depois de prontas, as nossas artistas decoraram as suas perucas com motivos da natureza (folhas, flores em crochet, fitas de cetim, etc.). Quando todo o outfit ficou pronto fizemos um desfile de moda!

À hora do almoço, depois de brincar, as nossas artistas estavam tão entusiasmadas para criar que cada uma decorasse a sua gaveta que serviria para guardar os projetos ainda por terminar ou as coisas que trouxessem de casa. Foi tão bom vê-las a fazer do atelier da Inato casa!

Como projecto colectivo do dia, as nossas artistas fizeram teares para criar a sua tapeçaria. As alunas não chegaram a terminar as suas tapeçarias mas levaram os seus teares para os fazerem ao longo das suas férias quando já não estavam no nosso atelier. Isso deixou-nos super orgulhosos do seu entusiasmo com aquilo que aprenderam na Inato!

No segundo dia andámos a respirar e a inspirar-nos com a natureza. Parámos para ver o verde à nossa volta e a ouvir o cantar de passarinhos a toda a volta, explorámos a área artística do desenho e pintura, inspirados pela linda Tapada de Mafra. Aprendemos que, para saber desenhar, é preciso mesmo aprender a observar! Temos sorte de o atelier da Inato estar mesmo ao lado da Tapada e, por isso, sempre de diário gráfico na mão, personalizado para e por cada artista, aproveitámos para ir observá-la de mais perto.

Mas antes de irmos no nosso passeio, sentámo-nos no jardim da Inato, de diário gráfico em riste, para passar para o papel aquilo que íamos vendo. É que o nosso jardim tem muitos recantos para explorar. É inspirador! No entanto, em dois segundos, o jardim da Inato pode virar uma arena de uma batalha de balões de água. Foi tão divertido que ficámos agarradas à barriga de tanto rir.

Já recuperadas de tanta risota, voltámos para as quatro paredes do atelier onde criámos um poleiro com um passarinho, inspirado nos que observámos pela manhã, feito de cartão e arame. Pintados, decorados com olhos malucos e flores de papel, os nossos passarinhos ficaram tão giros que só faltava ouvi-los cantar!

Em seguida, explorámos o mundo das cores e perecebemos quais eram as cores primárias, as secundárias e as complementares. Fizemos a nossa roda das cores que foi essencial para nos ajudar a chegar às cores que queríamos usar quando passámos os desenhos que fizemos nos diários para as nossas telas em cartão pois só nos foi permitido usar as cores primárias. Para além de tinta, na nossa tela incorporámos os materiais naturais que fomos recolhendo durante o nosso passeio. As telas todas juntas formaram a janela do cenário do nosso teatro do final de semana. Agora no atelier Inato podemos ver a Tapada feita pelos olhos das nossas artistas!

O terceiro dia foi repleto de histórias! Não admira pois foi a biblioteca do Real Edifício de Mafra e os seus preciosos livros que inspiraram os nossos projectos do dia. Costurámos a nossa própria bolsa, bordada com a inicial do nome de cada uma e decorada com “carimbos” improvisados. Agora podemos levar os nossos livros para os lermos em qualquer lado!

O dia começou com a leitura de histórias, com cada artista a ler um livro por si escolhido. Foi um momento tão relaxante que entre bocejos percebemos que rapidamente nos tínhamos que atirar ao nosso projecto do dia, a costura do nosso saco dos livros de pano.
Também bordámos a nossa inicial, escolhendo a cor do fio com que cada uma mais se identificava, para sabermos qual o saco de cada uma e não haver cá trocas!

Os sacos já com a letra bordada e com alguns motivos florais ficaram mesmo giros e ao gosto das nossas artistas! E a parte mais divertida de todas foi mesmo fazer padrões no nosso saco com carimbos pelas artistas improvisados.
Super coloridos, os sacos ficaram lindos!

Estavam uns dias óptimos para aproveitar o jardim da Inato e para dar bastantes mergulhos na nossa piscina que, apesar de pequenina, nos dá muitas horas de diversão.

Para acabar o dia, ilustrámos a piada que decidimos que íamos usar no nosso teatro:

Um peixe diz ao outro:

- O que é que o teu pai faz?

- Nada. E o teu?

- Também nada!

Como devem calcular, foram horas de riso depois de contar esta piada que foi lindamente ilustrada pelas nossas artistas usando aguarelas e decalques.

O quarto dia foi, literalmente, a pôr a mão na massa. Explorámos a utilização de vários tipos de massas de moldar para criar as nossas esculturas inspiradas nas estátuas de mármore que podemos encontrar na Basílica de Mafra. Se ainda não as viram têm de as ir lá espreitar, são lindas! As nossas artistas criaram um companheiro animal, um gato super giro! Tão giro que mereceu um retrato em relevo. No fim do dia, cada artista criou uma escultura retratando uma das cinco emoções (alegria, tristeza, raiva, calma, paixão e medo) para ficar em destaque no nosso atelier.

Com as cores criadas pelas nossas artistas através de mistura de massas de moldar, lá começámos a formar os nossos gatos. Para esta tarefa a Inato preparou um guia com instruções para ajudar as artistas a moldarem o seu gato. Mas não pensem que ficaram todos iguais! Não, não. Cada gatinho tinha uma clara personalidade única e intrasmissível. Aprendemos que, para cada parte do corpo do gato, era sempre mais fácil começar a moldar a partir de uma esfera. As nossas artistas não esconderam o orgulho nas suas criações, e com toda a razão! Os gatos ficaram incríveis!

Já para os retratos em relevo dos nossos companheiros gatos usámos caixas de ovos numa base de cartão. Cada vez gosto mais de usar caixas de ovos como material dos projectos. Quem diria que eram tão versáteis!

Por fim cada artista moldou livremente uma escultura que representasse a emoção que lhes calhou em sorteio. A criatividade delas não pára de me espantar, especialmente quando as propostas de projectos dão espaço à expressão natural de cada uma. É um privilégio assistir, em primeira mão, ao que estas artistas super talentosas conseguem criar!

O quinto dia foi construir para brincar! Já cheio de brincadeiras estava a nossa semana mas este dia foi mesmo a desbunda total para nos despedirmos em altas.

Inspirados pela Escola de Armas do Real Edifício de Mafra, particularmente na Escola Prática de Cavalaria, lá decidimos que este dia ia ser dedicado só a cavalos.

A primeira coisa mesmo era fazer o nosso cavalo de pau. Começámos por colocar enchimento dentro da meia que ia servir de cabeça do cavalo. Era enchimento por todo o lado, até parecia que tinha nevado! Depois atámos a meia a um ramo comprido, encontrado no jardim da Inato.
A seguir era decorar os nossos cavalos. Com olhos de tampas de pacotes de fruta ou botões, crina feita de lã e rédeas de trapilho, os cavalos ficaram muito giros! Depois foi só mesmo trotar e galopar pelo atelier fora que nem amazonas. Foram horas de diversão!
À tarde, em equipa construímos uma instalação de um cavalo de cartão.

Juntamente com a nossa janela feita no segundo dia e as esculturas do quarto dia, este nosso cavalo serviu de cenário para o teatro do final da semana onde mostrámos aos pais o que fomos trabalhando ao longo da semana. O teatro foi espectacular! As nossas artistas mostraram-se ser umas grandes actrizes com todas as falas do guião que foram desenvolvendo ao longo da semana na ponta da língua.

O que ficou por dizer é que estas artistas encheram o atelier da Inato de alegria e talento. Foi um privilégio e uma diversão estar com elas ao longo desta semana e vê-las a crescer de dia para dia e a estar cada vez mais seguras nas suas criações.

Foi uma semana de encher o coração. Viverá para sempre na memória da Inato.